Seguidores

domingo, 26 de fevereiro de 2012

As Possíveis Dificuldades na Escrita dos Alunos da EJA

As Possíveis Dificuldades na Escrita dos Alunos da EJA

AS POSSÍVEIS DIFICULDADES NA ESCRITA DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO  DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
                                      João Corrêa Cruz¹               Rosenilda Vilhena da Costa Silva²                                                                      Tauany Ketrin Pires de Santana³                                                                          Ângela Brito Ferreira⁴
                                              ¹ Acadêmico de Licenciatura Plena em Letras do terceiro semestre, turma LLT33011N da Universidade Vale do Acaraú, em  Macapá-AP, e-mail : joãocorêa12@bol.com.br;
                                                                 ² Acadêmica de Licenciatura Plena em Letras do terceiro semestre,    turma LLT33011N da Universidade Vale do Acaraú em Macapá-AP,  e-mail: rosenildavcsilva@hotmail.com;
                                              ³ Acadêmica de Licenciatura Plena em Letras do terceiro semestre, turma LLT33011N da Universidade Vale do Acaraú em Macapá-AP, e-mail: tauanyketrin1@hotmail.com.
                                    ⁴ Especialista e orientadora da disciplina, Aquisição da Linguagem da turma LLT33011N de Licenciatura Plena em Letras do terceiro semestre da Universidade Vale do Acaraú em Macapá-AP

RESUMO: O artigo apresenta as possíveis dificuldades na aprendizagem da escrita e produção de textos, pelos alunos que estão cursando a primeira etapa da EJA- Educação de Jovens e Adultos. Destacam-se as peculiaridades das teorias de Paulo Freire, Emília Ferreiro, Moacir Gadotti e outros que tentam explicar os motivos para os obstáculos e dificuldades encontradas pelos alunos, no que tange a assimilação dos conteúdos através das metodologias aplicadas pelos professores para a aprendizagem em sala de aula.
Palavras-chave: EJA - Educação de Jovens e Adultos, aprendizagem, dificuldades na escrita
ABSTRACT: The article presents the possible difficulties in the learning of in process, writing and production of texts, by the students that are studying the first stage of EJA - Education of Youths and Adults. It stands out the peculiarities of Paulo Freire, Emilia Ferreiro, Moacir Gadotti theories and others that try explain the reasons for the obstacles and difficulties found by the students, in what it plays the assimilation of the contents through the applied methodologies for the teachers for the process in class room.
KEY WORDS: EJA-education of Youths and Adults, process, difficulties in the writing

1 – INTRODUÇÃO
 
            Escrever é uma das manifestações criativas que mais exige do ser humano, já que envolve sua leitura de mundo, suas experiências de vida, suas habilidades interpretativas e todos os conhecimentos formais, ou não, desprendidos através da leitura e observações adquiridas ao longo dos anos. Partindo desse pressuposto, o que se crê é que, da partes de um texto, que é composto de conteúdo e forma, o aluno já traga consigo o conteúdo, restando à escola o papel de levá-lo a tal descoberta, fazendo com que aprenda a colocar em palavras e a desenvolver a forma, exercitando o uso da gramática e conhecendo as espécies de composições escritas necessárias a uma expressão contundente e crítica.
            Nesse sentido, o presente trabalho, vem fazer um estudo a partir de pesquisas bibliográficas sobre as possíveis dificuldades encontradas pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) quanto à produção textual, pois se sabe que escrever é trabalhar a linguagem, procurando torná-la mais clara e coerente no ato da escrita.
            A partir da construção desse trabalho, espera-se que se possa contribuir para que as dificuldades de escrita encontradas tanto pelos alunos na hora de escrever, quanto pelos professores no momento de desenvolver essa habilidade em seus discentes, seja de grande utilidade para a consolidação de uma nova maneira de olhar o ensino das produções textuais para os alunos da EJA.
            Para realização desse estudo científico utilizamos os seguintes métodos de pesquisa: a internet, artigos científicos, trabalhos de conclusão de cursos, livros didáticos, diálogos e discussões com professores atuantes em sala de aula e alunos da EJA.
             Foram pesquisados como linha teórica, os renomados autores como Emília Ferreiro, Moacir Gadotti, Ludimila Corrêa Bastos que têm se dedicado ao estudo e discussão sobre essa modalidade de ensino. Destacando como principal fonte dessa pesquisa o teórico e educador Paulo Freire, cujos estudos somados a sua experiência  profissional e de vida, foram de fundamental importância para o desenvolvimento do aluno adulto.
            O trabalho está organizado da seguinte forma: As dificuldades na Escrita dos Alunos da EJA como tema, resumo, uma breve introdução, surgimento e história da escrita e da EJA, desenvolvimento do tema, análise e discussão, considerações finais e referências bibliográficas
2- O SURGIMENTO DA ESCRITA E DA EJA


             A escrita surgiu da necessidade do homem em seu dia-a-dia e de se comunicar através de bilhetes, cartas e etc., conseqüentemente registrar essas informações em livros, jornais e documentos. Enquanto a Educação de Jovens e Adultos no Brasil começou com os Jesuítas na época do Brasil colônia, através da catequização das nações indígenas. A educação dada pelos Jesuítas tinha preocupação com os ofícios necessários ao funcionamento da economia colonial, constando trabalhos manuais, ensino agrícola e, muito raramente, leitura e escrita.

            No período imperial, a partir de um decreto de lei, foram criados cursos noturnos para adultos analfabetos nas escolas públicas de educação elementar, para o sexo masculino no município da corte. Foi somente a partir da década de 1940, que a EJA, começou a delinear e se constituir como política educacional.
            2.1 – HISTÓRIA DA ESCRITA

          Segundo Pereira e Torres (1998, p. 64), há milhões de anos, os homens que habitavam a Terra viviam de forma muito diferente da nossa maneira de viver. Sempre em pequenos bandos, caçavam e pescavam para sobreviver, moravam em cavernas e usavam pedaços  de madeira e pedra para se protegerem dos ataques de animais grandes. Os bandos não eram organizados e a comunicação entre eles era bastante primitiva: uivavam e gesticulavam, tendo apenas as mãos como principal instrumento de sobrevivência.

          Com o aumento da população e a escassez de alimentos, o homem foi modificando o seu modo de viver, buscando em novas formas, mais seguras e eficientes, o suprimento para as suas necessidades. Para que tudo isso acontecesse, a principal modificação foi aperfeiçoar a comunicação entre eles, pois seria complicado organizar estratégias de caça, pesca e outros apenas por ruídos e gestos (mímicas). Foi a partir daí, que se originou a linguagem falada.

         O homem primitivo, percebendo que a necessidade de sobrevivência se tornava cada vez maior e por causas externas advindas do meio ambiente (frio intenso), passou muito tempo dentro das cavernas e ali começou a fazer seus primeiros desenhos nas paredes, representando a sua vida diária.
            Esses desenhos são os primeiros passos para o surgimento da escrita. Conforme a necessidade de sobrevivência do homem foi evoluindo, a forma da escrita também foi evoluindo, atendendo assim as suas necessidades.
            Como afirma Barré-de-Miniac (2006 p, 38) “hoje, a escrita não é mais domínio exclusivo dos escrivãos e dos eruditos [...] a prática da escrita de fato se generalizou: além dos trabalhos escolares ou eruditos, é utilizada para o trabalho a comunicação, a gestão da vida pessoal e doméstica”.

            Essa análise é necessária, pois nos leva a compreender que com o surgimento da escrita, o homem vem utilizando-a das mais diversas maneiras e por diferentes povos e que o mundo em que vivemos está rodeado de escrita.

      2.2 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

             Muitas vezes definimos erroneamente Educação de Jovens e Adultos. Por isso, antes de iniciar nosso estudo, é necessário conhecer um pouco da história dessa modalidade de ensino.

            Segundo Freire (1992 apud Gadotti, 1979, p. 72) em Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta, os termos Educação de Adultos e Educação não-formal referem-se à mesma área disciplinar, teórica e prática da educação, porém com finalidades distintas.

             Esses termos têm sido popularizados principalmente por organizações internacionais - UNESCO - referindo-se a uma área especializada da educação. No entanto, existe uma diversidade de paradigmas dentro da educação de adultos.

             A educação de adultos tem estado, a partir da 2ª Guerra Mundial, a cargo do Estado, muito diferente da educação não-formal, que está vinculada a organizações não-governamentais.

             Até a 2º Guerra Mundial, a educação popular era concebida como extensão da educação formal para todos, sobretudo para os menos privilegiados que habitavam as áreas das zonas urbanas e rurais.

          Após a I Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada na Dinamarca, em 1949, a educação de adultos tomou outro rumo, sendo concebida como uma espécie de educação moral. Dessa forma, a escola, não conseguindo superar todos os traumas causados pela guerra, buscou fazer um "paralelo" fora dela, tendo como finalidade principal contribuir para o resgate do respeito aos direitos humanos e para a construção da paz duradoura.

            A partir da II Conferência Internacional de Educação de Adultos em Montreal, no ano de 1963, a educação de adultos passou a ser vista sob dois enfoques distintos: como uma continuação da educação formal, permanente e como uma educação de base ou comunitária.

             Depois da III Conferência Internacional de Educação de Adultos em Tóquio, no ano de 1972, a educação de adultos volta a ser entendida como suplência da educação fundamental, reintroduzindo jovens e adultos, principalmente analfabetos, no sistema formal de educação. A IV Conferência Internacional de Educação de Adultos, realizada em Paris, em 1985, caracterizou-se pela pluralidade de conceitos, surgindo o conceito de educação de adultos.

           Em 1990, com a realização da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizado em Jomtien, na Tailândia, entendeu-se a alfabetização de Jovens e Adultos como a 1ª etapa da educação básica, consagrando a idéia de que a alfabetização não pode ser separada da pós-alfabetização.

              Segundo Freire (1992 apud Gadotti, 1979, p. 72), nos anos 40, a Educação de Adultos era entendida como uma extensão da escola formal, principalmente para a zona rural. Já na década de 50, a Educação de Adultos era entendida como uma educação de base, com desenvolvimento comunitário. Com isso, surgem, no final dos anos 50, duas tendências significativas na Educação de Adultos: a Educação de Adultos entendida como uma educação libertadora (conscientizadora) pontificada por Paulo Freire e a educação de adultos entendida como educação funcional (profissional).

              Na década de 70, essas duas correntes continuaram a ser entendidas como Educação não-formal e como suplência da mesma. Com isso, desenvolve-se no Brasil a tão conhecida corrente: o sistema MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), propondo princípios opostos aos de Paulo Freire.

             A Lei de Reforma nº 5.692/71 atribui um capítulo para o ensino supletivo e recomenda aos Estados atender jovens e adultos.

             Com objetivo de atender essa atribuição é implantado o sistema de ensino EJA, Educação de Jovens e Adultos uma modalidade de ensino nas etapas dos ensinos fundamental e médio da rede escolar pública brasileira e adotada por algumas redes particulares que recebem os jovens e adultos acima de dezessete anos de idade que não completaram os anos da educação básica em idade apropriada por qualquer motivo, entre os quais é freqüente a menção da necessidade de trabalho e participação na renda familiar desde a infância.
O segmento é regulamentado pelo artigo 37 da Lei de Diretrizes e Bases da educação nº 9394 de vinte de dezembro de 1996 o qual recebe repasse de verbas do Fundeb.

            A EJA consolidou-se com influência das idéias do educador Paulo Freire que dedicou grande parte de seu trabalho na educação de jovens e adultos e tem sido de fundamental importância para os educandos, uma vez que essa modalidade proporciona aos alunos uma nova oportunidade de adquirir seus conhecimentos.

            Vale ressaltar que essa modalidade já avançou bastante em termos de escrita, mas se faz necessário que a gestão escolar possa capacitar os educadores para que os mesmos possam estar qualificados para oferecerem um ensino com qualidade, mostrando os diversos tipos de escrita.

             Atualmente Já são cerca de 4,2 milhões de alunos em todo o país (MEC/INEP, 2010). Esse número tende a crescer com os projetos de combate ao analfabetismo. Há um intenso movimento de jovens e adultos voltando à sala de aula. Quem não teve oportunidade de estudar na idade apropriada, ou que por algum motivo abandonou a escola antes de terminar a Educação Básica, está procurando as instituições de ensino para completar seus estudos. Aqueles que não sabem ler e escrever pretendem ser alfabetizados. Os que já têm essas habilidades desejam adquirir outros saberes — e diploma, naturalmente — para que tenham chances no concorrido mercado de trabalho e sintam-se cidadãos responsáveis pelos destinos do país.

2 – AS POSSÍVEIS DIFICULDADES NA ESCRITA DOS ALUNOS DA EJA

             Escrever é concretizar as idéias de forma organizada, as quais não surgem do nada; elas são fruto dos processos de comunicação dos quais participamos das informações a que temos acesso vivenciando experiências, conversando e lendo.

             O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura. Em pleno século XXI, observamos o brilhante poder dos meios de comunicação de massa, entretanto, não há noticias de que o número de publicações impressas tenha diminuído, pelo contrário a cada dia se publica mais livros, jornais e revistas, isso porque, a leitura da palavra escrita ainda é uma das mais ricas de informações, já que grande parte do conhecimento nos é apresentado em linguagem escrita.

             Segundo Câmara Jr.(2009 apud TERRA e NICOLA,2007 p.14 ) “Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação. Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma atividade social indispensável, para qual falta, não obstante, muitas das vezes, uma preparação preliminar. A arte de escrever precisa assentar numa atividade preliminar já radicada, que parte do ensino escolar e de um hábito de leitura inteligentemente conduzido; depende muito, portanto de nós mesmos, de uma disciplina mental adquirida pela autocrítica e pela observação cuidadosa do que outros com bom resultado escrevam”.

             Saber escrever corretamente é de suma importância em nossas vidas, por isso é fundamental termos uma boa preparação, que começa nas séries inicias, que com o passar do tempo vai se aprimorando. É complicado chegarmos ao ensino fundamental, por exemplo, escrevendo do mesmo jeito que falamos, ou pior ainda, escrever textos científicos da mesma forma que nas redes sociais, precisamos estar atentos para não cometermos esse tipo de erro.
“A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado coletivo da         humanidade”                    ( FERREIRO, 2002 P.43 ).
            A escrita ou produção textual não é um aprendizado isolado, há que se considerar outro fator preponderante e essencial, a leitura. Para que o aluno possa adquirir e desempenhar essa habilidade é necessário o exercício contínuo da prática da leitura, dessa forma, irá  enriquecer seus conhecimentos e ampliar seu vocabulário. Logo, a escrita depende muito da leitura.

            Paulo Freire nos recorda que a leitura do mundo precede a palavra, isso nos mostra por meio de sua experiência de quando nos primeiros anos aprendeu a ler em sua própria residência, rodeada de árvores e animais. Aquele mundo era o mundo de suas primeiras leituras, (FREIRE, 1997, p. 03).
[...] a aquisição da língua escrita, por um processo de construção do conhecimento, que se dá num contexto discursivo de interlocução e interação, através do desvelamento crítico da realidade, como uma das condições necessárias ao exercício da plena cidadania: exercer seus direitos e deveres frente à sociedade global. (FREIRE, 1996, p.59)
           Observamos a descoberta, o interesse e o prazer pelo ato da leitura condições essenciais para o aprimoramento das habilidades da produção textual, pois sabemos que um bom leitor è também um bom escritor.
A aquisição do sistema escrito é um processo histórico, tanto a nível onto-genético, como a nível filogenético. O sistema escrito é produzido historicamente pela humanidade e utilizado de acordo com interesses políticos de classe. O sistema escrito não é um valor neutro. (FREIRE, p. 59, 1996)
            Freire também sugere e exemplifica que é através da prática contínua e exaustiva que se aprimora a escrita. Em uma de suas experiências, como alfabetizador e pós-alfabetizador, em seu caderno de exercícios, utilizava duas fotografias: uma, de uma das lindas enseadas de São Tomé, com um grupo de jovens nadando; a outra, numa área rural, com um grupo de jovens trabalhando. Ao lado da fotografia dos jovens nadando está escrito: “É nadando que se aprende a nadar”. Ao lado da fotografia dos jovens trabalhando está escrito: “É trabalhando que se aprende a trabalhar”. E no fim da página do caderno: “Praticando aprendemos a praticar melhor” (FREIRE, p.46, 1988)
             Entra-se no assunto que é a essência do trabalho, as dificuldades que muitos alunos da EJA sentem ao voltar a estudar depois de muito tempo, é comum esses alunos retornarem com muitas dúvidas e dificuldades, por isso, é fundamental que o professor tenha muita paciência com esse público, que em sua maioria são trabalhadores, leva-se também em conta, que o ensino da EJA é acelerado e que esses alunos não têm tempo o suficiente para se dedicarem aos estudos, porém, eles têm muita força de vontade e possuem sede de conhecimento.  Como afirma Freire (1996, p. 22),  [...] “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou sua construção”.
            Um dos principais passos para o trabalho com Educação de Jovens e Adultos é a valorização do conhecimento prévio e o reconhecimento dos alunos como portadores de cultura e saberes. São pessoas que estão voltando para a escola, muitas das vezes em busca da educação que o mercado exige. Chegam cansados depois de um dia de trabalho, têm pouco tempo para se dedicar aos estudos, mas chegam também com muitas histórias e vivências. Partindo desse princípio, toda a preparação das aulas deve ser pautada sobre o que os alunos trazem como conhecimento, o que querem aprender e suas necessidades. A sistematização do ensino para jovens e adultos deve ter como finalidade facilitar suas relações pessoais e sua integração profissional.

            Ressaltamos que os alunos da EJA são, na maioria das vezes, rotulados como “incapazes para o aprendizado”, pois a formação do professor de Educação de Jovens e Adultos não trabalha as competências relativas às especificidades dos estudantes, não permitindo assim o entendimento da forma de pensar e de construir o conhecimento dos adultos.

“O Projeto da EJA tem como objetivo uma formação humana, crítica e autônoma dos alunos e para isso, procura não encará-la como uma educação compensatória, cujos principais fundamentos são a de recuperação de um tempo de escolaridade perdido no passado”. ( Ludmila Corrêa Bastos 2004)



4- ANÁLISE E DISCUSSÃO

            Fundamentado nas teorias dos autores pesquisados, analisamos que, do ponto de vista da realidade humana, seria possível definir o homem como um ser que fala e não como um ser que escreve. Por essa razão, há certa dificuldade em transformar a oralidade em escrita, pois há que se levar em consideração, o emprego correto da ortografia das palavras, a contextualização, coesão e coerência daquilo que se está transmitindo de forma escrita, facilitando a compreensão com clareza por parte do receptor da mensagem.

             Outra dificuldade detectada, de acordo com Koch (2009 p.18) “ a criança, quando chega a escola já domina a língua falada, ao entrar em contato com a escrita, precisa adequar-se a exigência desta, o que não é tarefa fácil. E por essa razão que seus texto se apresentam eivados de marcas da oralidade, que, aos poucos deverão ser eliminadas”.

              Essa deficiência se não for trabalhada pelo educador, o aluno irá continuar empregando em suas produções textuais os recursos da fala na escrita no decorrer de sua vida até a fase adulta. Para que possamos modificar esse quadro, é importante o desenvolvimento de um trabalho voltado para a uma formação com qualidade dos alunos. Para que isso aconteça, basta que tenhamos compromisso com a educação.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Levando em consideração que a motivação para escrever surge da necessidade de expressar-se. Chegou-se ao entendimento com a realização desse trabalho após as leituras de autores que abordam o assunto, que os alunos da EJA apresentam dificuldades de escrita, um dos fatores se dá pela falta de exercício como diz Paulo Freire (1988, p 46) ”praticando, aprendemos a praticar melhor”. Para que se possa ter um amplo vocabulário e habilidade é necessária a prática constante, transformando esse ato como uma atividade descontraída e prazerosa.

             Outra dificuldade percebida, é que a escola não vem dando a devida atenção a esta modalidade, se observa pela falta de dinamicidade no processo de aplicação dos métodos que nem sempre são adequados ou interessante contribuindo assim para o insucesso da aprendizagem desses alunos, uma vez que vão à escola após uma longa jornada de trabalho, dificultando assim o aprendizado devido o cansaço.

              No entanto, pode-se dizer com base na afirmação de Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias (2009, p. 18)  que outra dificuldade de escrita, é trazida muitas das vezes desde criança, porque nessa fase já domina-se a língua falada e precisa adequar-se às exigências da escrita, o que não é tarefa fácil. É por essa razão que os textos se apresentam eivados de marcas da oralidade, que aos poucos, deverão ser eliminados. Quando o docente não intervém continuamente e não tem paciência para trabalhar com essa situação, a criança seguirá até a fase adulta com esses erros, que se agravam cada vez mais.

               O trabalho exposto foi de fundamental importância para que se pudesse entender a real situação da EJA, pois escrever é de suma importância para nossa vida, ficando bem claro no trabalho exposto, pois falar é bem diferente de escrever, embora se utilize o mesmo sistema lingüístico, mas lembrando que a fala e escrita  possuem características próprias , ou seja, a escrita não constitui mera transmissão da fala.

                A escola  pode contribuir muito para um ensino diferenciado aos alunos, com aulas mais dinâmicas, e inovadoras e que desperte a participação dos discentes, proporcionando e incentivando-o a se dedicarem a produção textual, dessa forma será possível comunicar-se e expressar-se bem através da escrita.























6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORTONI, Stella Maris. SOUZA, Maria Alice Fernandes, 1945. Falar, ler e escrever em sala de aula: do período pós-alfabetização ao 5º ano,São Paulo: Parábola Editorial, 2008
BASTOS, Ludimila Corrêa. Incentivo a Leitura de Jovens e Adultos. Campinas-SP, Editora Unicamp, 2007
CÂMARA JR, Joaquim Mattoso. Estrutura da Língua Portuguesa, Ed.Vozes, São Paulo, 2009
ERNANI, Terra. NICOLA, José. Gramática, Literatura & Produção de Textos, São Paulo, editora Scipicione, 2007
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. Tradução: Horácio Gonzáles (et.al). 24ª edição. São Paulo. Cortez. 2001 (coleção Questões da Nossa Época, V.14)
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler, 22ª edição, São Paulo, Editora Cortez, 1988
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:Ed. Paz e Terra, 1996.
____________. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Ed.Paz e Terra, 1992.
GADOTTI, Moacir. Cidadania Planetária. São Paulo, Ed. Inst.Paulo Freire, 2010
GADOTTI, Moacir. Educação e Poder. São Paulo,Ed. Cortez, 1988
______________. Educação e Compromisso. São Paulo, Ed. Papirus, 1985
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para escrita-9ª edição-São Paulo: editora Cortez,2008.
MINIAC, de Barré. Reencontros pedagógicos. São Paulo, Editora Paris, 2006

MEC/INEP/SEPLAN. Estatísticas sobre a Educação de Jovens e Adultos, 2010. http://www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas.asp?menu=482
ROCHA, Halline Fialho da; KARL, Helena de Azevedo; VEIGA, Marise Schmidt; GUIMARÃES, Michele. As Práticas Educativas na Educação de Jovens e Adultos. Pedagogia em foco. Petrópolis, 2002 em: http://www.pedagogia em foco.pro.br/jovem01. Acesso  em continuum. São Paulo, Editora Contexto, 2009 http://www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas.asp?menu=482
UNESCO. Informação sobre Educação, http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/education-for-all/
KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS, Vanda Maria. Fala e escrita duas modalidades em continuum. São Paulo, Editora Contexto, 2009









¬¬
João Cruz, Rose Vilhena e Tauany Santana

Um comentário:

  1. OI ÂNGELA!!!!
    EM PRIMEIRO LUGAR UM ABRAÇO BEM CARINHOSO.
    EM SEGUNDO LUGAR MEUS PARABÉNS PELO SEU BLOG, VC ABORDOU UM TEMA QUE NÃO É FÁCIL DE FAZER POR MUITOS, MAS, VC FOI CORAJOSA, FELIZ DE REALIZAR ESTE TRABALHO E CONCERTEZA POR VC SER EDUCADORA DA ÁREA ISSO CONTRIBUIU MUITO.......
    VALEU PELOS LINKS ESCLARECEDORES FAZENDO ABORDAGENS DA GAMA DE CONHECIMENTO DA COGNIÇÃO E DA LINGUAGEM.
    BJS
    FRANCIMAR AVÍZ

    ResponderExcluir